Esquina Torta

                                         Sr. Bernardo, comerciante antigo no bairro mais populoso da cidade, tinha um cuidado todo especial com sua filha Bernadeth; não deixava de satisfazer seus desejos e, assim, comprou um patinete; ela e as amigas se divertiam rua abaixo apostando quem corria mais ou, descia antes do ponto marcado como final. Durava a tarde toda aquela festa das meninas na rua. A patinete foi o passo decisivo para Bernadeth passar a gostar de velocidade. Quinze anos, festa com baile, dela e das amigas, tanto falou no ouvido do pai que ganhou uma Leonette.                                        Ia para a escola motorizada, ela e cada dia uma amiga na garupa, para todas aproveitarem o presente; a Leonette gemia na subida; aquele motorzinho pequeno era ajudado por pedaladas rápidas  de Bernadeth, mas, na descida voava baixo, era sai da frente que lá vem Bernadeth e sua Leonette.                                        Um ano de aventuras e preocupações para Sr. Bernardo

                                                 Deoclécio, acompanhando o desenvolvimento do centro da cidade, viu crescer o número de academias de musculação, com pessoas de hábitos bem diferentes dos seus fregueses. Não podia deixar de modo algum os jovens passarem na porta do Bar e Cabaré Esquina Torta sem entrarem para um tira gosto ou o que fosse. Pesquisando, viu que o paladar deles era um pouco diferente dos fregueses; o açaí deles não era igual ao assa aí da turma de veteranos. Academia que frequentavam estava na rua Direita da esquina torta que dava nome ao estabelecimento de Deoclécio. Foi questão de dias Deoclécio montar ali o Esquina Direita, sucos saudáveis.                                        A rivalidade entre os jovens fregueses do Esquina Direita com os veteranos do Esquina Torta, não estava nos planos de Deoclécio, mas, com um ajuste aqui outro ali, podia render bons frutos, afinal, todos à sua maneira eram atletas! uns, praticavam ¨halterocopismo¨, pescaria de ti

                                         Francisco sorriso, odontólogo cirurgião, esta era a placa que identificava o consultório de Chico Sorriso, como era conhecido nos tempos de faculdade. Criado pelas tias viúvas, casadas as duas irmãs com dois irmãos da família Oliveira, os colegas além do apelido, diziam que ele vivia à sombra das Oliveiras.                                     Francisco, não se importava com nada; já as tias... exigiam tratamento de Dr. para Francisco. Namoradas? nenhuma delas até hoje tinha agradado as tias; com essa desculpa, Chico era visto como o maior namorador da Universidade; quando começava a ficar muito longo o namoro, levava a atual para conhecer as tias; era um passo certo para ela se tornar ex.                                        Consultório novo, cadeira mais moderna de todas, até deita, só falta virar o cliente ou, freguês, melhor dizendo, vítima, de cabeça para baixo. O motor! não podia deixar de ligar o motorzinho, terror de dez entre dez vítim

                                         Colégio onde Eráldico estudava, é: Eráldico era o nome dele; foi registrado no mesmo cartório, do tabelião surdo que usava dois aparelhos de audição, um em cada ouvido; nem por isso escutava! Depois de registrado, não podia mudar, só com autorização judicial, que o diga Erotídea, secretária do Centro Cultural Erótico de Leitura em Prosa e Verso, que deveria se chamar Mariotília. Colégio ficava de frente para uma rua residencial, de mais de três quilômetros de comprimento. Ficando na varanda da frente do colégio, ou, bem na porta, uma parte grande dos meninos, outra nem tanto das meninas, acompanhavam o movimento dos automóveis da época; tentavam descobrir pelo barulho qual vinha; DKW e WOLKS era fácil! ninguém acertava mesmo a Simca Presidente, branca, até os Impalas da época eram menos silenciosos que ela.                                   Eráldico era fascinado pela Simca Presidente. Outro dia, acompanhando a mãe em um casamento, observando as

                                         Vovó estava na sala de casa relembrando as peripécias do vovô; família toda reunida, férias, então o que não faltava para ela era plateia. Os netos, as netas, filhos, filhas, genros, noras, todos na sala atentos as palavras da vó. Ela, resolveu lembrar um dia em que a cidade recebeu um time de futebol da capital do  País para o jogo de inauguração do estádio próprio do time da cidade.                                             Autoridades da cidade presentes; Prefeito, Presidente da Câmara de Vereadores, Bispo, para abençoar o monumental estádio para duzentos torcedores sentados na arquibancada e, um número ainda não estimado pelos pesquisadores, de torcedores nos barrancos que circundavam o gramado, muito bem aparado por Mimosa e Fogoso, o touro do maior pecuarista da região, gentilmente cedido para o trabalho. Juiz de Direito da cidade, era presença certa, boca livre era com ele mesmo! jornalista, era o vovô, acompanhado pelo fotógrafo do jor