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Mostrando postagens de junho, 2023
                                                             O Jardineiro, Tina e a molecada                    Zénório, artista dos jardins de Madame Claire, esposa de Dr. Carlos, médico e fazendeiro respeitado na cidade, era motivo de elogios de todos que passavam pela rua e, de muitos que saiam de suas casas para ver de perto as obras de arte com flores de Zénório. Casa do Dr. e de Madame Claire já estava entrando no rol de atrações turísticas da cidade.                    Figura que não passava despercebida com seus quase dois metros de altura, sempre de roupa preta, protegida por um avental do pescoço aos pés, um bolso na frente, grande, parecia até uma bolsa de canguru,   onde guardava as pequenas ferramentas de jardinagem; se esmerava em ideias com as flores que dispunha a cada dia; hoje, tinha feito uma moldura de antúrios para um coração de rosas na fachada da casa. Outro dia, foram orquídeas pendendo da árvore no centro do jardim, parecendo flutuarem no ar pois, Zénório habil
                                                     Dagoberto e o ralo da pia.                      Dagoberto, marido de Cárssia, tinha lá suas manias na cozinha. Café da manhã dele, ele mesmo fazia; tinha que ser forte, bem preto, Cárssia dizia que até manchava a xicara; sem açúcar, nem tão quente que lhe queimasse a língua, nem tão frio que lembrasse um refresco. Frutas ele tinha deixado de lado, já enjoara de mamão, melão, agora estava se tornando um expert em pão queimado! Pãozinho, manteiga, frigideira, distração com as notícias do jornal da manhã; pão queimado! Vantagem do Dagoberto é que lavava todos os utensílios que usava para o seu café; faca de manteiga, frigideira, cafeteira italiana, xicara, pratinho de pão e, o que mais usasse; lavava, secava e guardava; a cafeteira deixava sobre a pia para Cárssia então fazer o seu café. Saía, ia cuidar de seus afazeres, voltava para o almoço, lavava novamente os utensílios do almoço, era um acordo entre ele e Cárssia, quem faz não lava
                                         VOVÓ E AS ESTÓRIAS PARA OS NETOS                    Lá estava Vovó Miriadulce na sala a crochetar com os netos e amiguinhos, cheios de perguntas. Toda curiosidade tinha um motivo especial; a rua abandonada! Uns falavam que era habitada por fantasmas que a noite gemiam e emitiam sons estranhos; outros, toda essas estórias eram invenções dos mais antigos, para evitar a criançada de brincar por lá.                    Miriadulce resolveu então contar a verdadeira história da Rua Abandonada. Os pais dela a chamavam de rua dos murmúrios; os avós dela de rua dos gemidos; o Padre da época, Rua dos Devassos! Na verdade, era a rua onde as mulheres de ¨vida fácil¨ exerciam o direito de viver sua difícil vida.                    Os netinhos e amiguinhos entendiam cada vez menos, afinal não viviam na era da Zona Boêmia! Zona Presencial! Baixo meretrício como era   chamado pelos jornais de então. Diante do espanto nos rostos dos netos e amiguinhos, vovó expli
                             Vim com o vento               Cidade pequena, uma avenida larga, canteiros entre duas ruas, eram duas ruas: o lado direito tinha o nome de um presidente, o esquerdo de um governador, as tais homenagens póstumas.               Duas paralelas que terminavam no retorno da praça, já com nome de poeta antigo da cidade. Avenida com posto de combustíveis em uma das esquinas, com serviços gerais, lavador de carros, borracheiro, etc., padarias do Sr Afonso, açougue do Niltin, farmácia do Dr. Fausto, não podia faltar o Bar da Praça, esse existe em toda cidade, sem exceção! também não pode faltar o Bar Último Gole, esse sempre em uma das saídas da cidade para a área rural; saindo é o último gole, chegando é o primeiro gole.               As principais casas da cidade eram ali na praça. Noite fria, neblina baixa, quase não se enxergava nada, mas, os insones escutaram um barulho de carro estacionando na praça; algum maluco, aquela hora, com aquele frio.               Am
Dr. Geraldo, Tio Nerlito, Evilásio e a liberdade.                     Nerliz, foi batizada com esse nome em homenagem ao Tio Nerlito, pouco mais velho que ela, mas, seguindo uma tradição de família, sempre um tio era padrinho de uma sobrinha e, uma tia madrinha de um sobrinho. Evilásio sempre se entendeu muito bem com Nerlito, afinal, foi o único que lhe preveniu sobre o casamento com Nerliz, com a profética frase: - Deus lhe proteja!                     Tio Nerlito foi para o exército, chegou a capitão, nas andanças pelos quartéis do país apareceu reformado como coronel. Dr. Geraldo, advogado, juiz por concurso, primo de Tio Nerlito, amigos de infância, copos e tira gostos de Evilásio, afastados por um tempinho, devido aos problemas de viver, começaram a se reencontrar semanalmente, quando a esposa Nerliz soltou que Tio Nerlito não estava aparecendo nos encontros de sexta feira, por estar morando em um Centro de Convivência de Idosos; Evilásio logo soltou a dele: - ficou viúvo, a filh