Esquina Torta

                                                                                                                  OSWALDO             Oswaldo nasceu no subúrbio, criado ali na rua, com os vizinhos tomando conta, não deixando as filhas se esconderem com os meninos nas brincadeiras de pique esconde, muito cuidado com os meninos que queriam ser médicos, ditado antigo imperava:  -  prendam suas cabritas que os bodes estão soltos!!          Etelvina, vizinha de frente estava sempre nas brincadeiras, era motivo de alguns desentendimentos entre os meninos, mas, Oswaldo nem enxergava o que acontecia, só queria estudar, passar em concurso assim que completasse dezoito anos; ser funcionário público, trabalho bem importante com uma mesa só para ele.          Vida que segue, todo mundo seguiu seu caminho, uns se casando indo morar em outras cidades, outros bairros e Oswaldo finalmente funcionário público. Para passar no concurso, fez promessa de tudo; comer feijão azedo, chupar limão doce, usar te

                                                     CORAL DE LÁ SI FÁ               Cidade pequena, reunião das famílias é no clube; normalmente existem dois, a rivalidade é certa, o baile do Um é melhor que o do Dois, o futebol do Dois é o campeão da região, mas, o Um tem quadra de tênis, Dois só de bocha, a disputa vai apertando, o nível vai abaixando quando os argumentos acabam, porém, sempre tem a unanimidade: a praça! Não tem baile, todos os jovens na praça; desculpa de um sorvete no verão ou, um chocolate quente no inverno, a verdade é que os meninos da cidade estavam lá, marcando ponto na praça, na esperança de conseguir uma namorada, só que a esperança das meninas é conseguir um marido, objetivos bem diferentes que as vezes um ou outra consegue atingir. Na maioria dos casos um ou outro foge da cidade e, uma ou outra vai estudar fora por um período.               Lásifa,  era diferente das meninas, chegava até a ser ignorada por uma ou outra menina ou, menino, não se preocupava

                                                     PROFESSOR ÉLIO:SEM ¨H¨               Fazia questão de frisar que seu nome era Élio, sem agá. Nascido no pé da favela como gostava de contar, foi ser soldado de fronteira, estudou no exército, conseguiu se diplomar em Direito, até passou em concurso público! fez de tudo um pouco, foi mecânico, sócio de oficina, industrial de aparelhos elétricos, se desse corda até de nave espacial entendia, dava aula, explicava tudinho como funcionava, parecia até que tinha sido astronauta; mas era professor, professor Élio sem agá; fazia questão de frisar sempre.               As aulas do professor Élio, sem agá, eram bem agitadas principalmente para as alunas, sempre interrogadas, questionadas, elogiadas não só pelo saber mas, de acordo com a preferência do professor Élio, Élio sem agá.               Os alunos, eram meros figurantes, às vezes até faziam uma ou outra pergunta, que o professor Élio, Élio sem agá, enrolava, enrolava a  resposta e ficav

                                                             REUNIÃO DE CONDOMÍNIO               Programão para todos os proprietários do Ed. Marquise do Pomar; todos, ou melhor, quase todos, principalmente os mais reclamões, reunidos no hall de entrada; cadeiras espalhadas, o 302 tentando um lugar longe do 402, que por sua vez, não aceitava de modo algum ficar próximo ao 804 e, nesse clima vão sendo arrastadas as cadeiras para um e outro lado, sempre alguém evitando proximidade com alguém.               Asclépio, morador antigo, ausente de quase todas reuniões, resolveu comparecer nessa; bastante tempo que não se divertia com as questões dos vizinhos e, hoje não tinha filme que o interessasse na TV, não estava com a mínima vontade de tomar uma ou, umas, precisava de uma distração, algo diferente do dia a dia; a reunião de condomínio parecia ser a solução ideal. Desceu para o hall, cumprimentou as pessoas, umas conhecia da garagem, outra da escada, parecia que só ele e o 308 tinham o c