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Mostrando postagens de abril, 2023
                                                             Felizardo e elas.               Felizardo e Dona Branquinha, vinham pela avenida. Felizardo era o nome certo para ele. Casado com Dona Neézinha, professora que povoava o sonhos de muitos de seus alunos, principalmente com o balanço dos quadris quando escrevia no verde quadro negro, aquelas equações. Conservava ainda muito dos seus encantos da juventude, mas, Felizardo agora estava navegando no balanço do andar de Dona Branquinha, rainha do bairro.               Estavam indo comprar uma televisão nova, cinquenta polegadas. Dona Branquinha queria apreciar melhor aqueles filmes da madrugada, ver todos os detalhes, tentar repetir com Felizardo nas tardes que eram só deles.               Avenida principal da cidade, na porta do magazine, Dona Neézinha vê os dois; sentiu aquele calor na cabeça, pegou a bolsa pela alça e... mandou com toda força no agora infeliz Felizardo! Bolsa de mulher, imagina o peso!! batom, chaves de casa, da
                                                             Clara Eterna               Também chamada de Clarinha ou, Eterninha. Vida normal de criança, adolescente, apesar das brincadeiras e  zoações próprias da idade, hoje bulinguê.               Clara começou a ter noção do que era ser eterna, aos dezoito anos; como passou depressa o tempo! Entre as brincadeiras com bonecas, fogãozinho, panelinhas e, as descobertas de outras formas de se divertir, bailes, festas em casa de amigas, dos parentes, quase sempre aniversários de alguém ou de alguma amiga, reparou que a tal eternidade que carregava no nome, tinha prazo de validade!!! Atentou-se então às pessoas que rodeavam sua vida; suas tias, as mães das amigas, tias das amigas, até mesmo suas amigas, todas traziam em suas expressões, na pele, nas faces, no olhar, alguma marca dos anos passados, alguns vividos, outros nem tanto!               Vaidosa, acreditando no poder do nome, procurava meios de encontrar o segredo da juventude eter
                                         João Rabugento e Mariazinha Santinha.                Condomínio pequeno, doze apartamentos, tinha até jeitinho de vila no interior da cidade. Todos moradores, famílias, mas, tinha o João; solteirão! chamados por todos de ¨rabugento¨; afinal mal dava um bom dia, ou boa tarde, dependendo da hora que encontrava com alguém nos corredores e escadas do prédio, era só um grunhido. Saindo ou entrando  João estava sempre com expressão mal humorada, não tinha sorriso nem conversa na escada; era só um grunhido como cumprimento e sumia para dentro de seu apartamento de onde nem barulho se escutava.               Mariazinha, a Santinha, morava em um apartamento dos fundos, mesmo andar do Rabugento; era tão tímida que abria a porta do apartamento sem ruído nenhum e, antes de sair escutava para ver se tinha por acaso alguém saindo; saía rápido, cabecinha baixa, olhando o chão, não gostava de ser vista nem de ver ninguém.               Condomínio é condomínio,
                                                           Au Fredo. Au Fredinho dá 3                             Nome dele era Au Fredo; nome composto: Au    Fredo; foi batizado, registrado assim pois sua mãe gostava demais de cachorros, então fez essa homenagem aos cães, sua paixão e, ao marido, pai de Au Fredo. Conhecido por todos do bairro como Au Fredinho dá 3, fazia questão de frizar que seu Au Fredo era com U nada de L, se sabia  Au Fredo o único. Dá 3 não é nada disso que vocês estão pensando,  vinha   da mesa que sempre ocupava no Bar Furreca do Véi. O nome do bar na verdade era Bar e Mercearia do Rodolfo: o apelido veio da geladeira que dividia o ambiente; portas de madeira, aquelas dobradiças de ferro expostas como um troféu, não gelava nada, só refrescava, quando armava ou desarmava o motor, tremiam os copos da pia, as caixas de garrafas do estoque, daí o nome. Era a furreca do velho Rodolfo! Ali, tomava umas, sempre mais ou menos frescas, gelada era impossível, jogava dama