SOCORRO AO ACIDENTADO

                                        Asclenio tinha que trocar uma lâmpada em casa; protelou, protelou, colocou um tanto razoável de dificuldades para executar a tarefa, mas, sem sucesso! Eufrásia a esposa começara a chama-lo pelo nome completo: Asclenio Adolfo! Quando começa a falar o nome completo é sinal de perigo, melhor providenciar o pedido. Lustre da sala, cinco lâmpadas, quatro sem acender, não tinha mais como adiar, era claridade agora, ou, escuro.
                            Sem chance da fugir do do fato, começou a providenciar os devidos apetrechos para a troca das lâmpadas; lâmpadas, escada, não tinha! estava quebrada; sem problemas, uma cadeira sobre a mesa de centro, o banco de colocar os pés cansados por cima da cadeira, altura ideal para a tarefa; assim foi feito. Primeiro sobe na lateral da mesa, apoia na cadeira, coloca as mãos no banquinho, firma o corpo, dá um galeio e...... consegue ficar de pé por alguns segundos na divina obra de engenharia; cadeira para a esquerda, banquinho para a direita, mesa quebrada em duas partes, Asclenio Adolfo e seus quilos a mais, no chão.
                                Gargalhadas dos filhos, risos da esposa, grito da sogra, silencio total de Asclenio, nem um gemido, um ¨aizinho¨, só para alegrar o ambiente, nada; as gargalhadas silenciam, o sorriso da esposa se transforma em expressão de preocupação, a sogra, mais esperta de todos vendo a chance de se ver livre do genro, telefona para o hospital do plano de saúde, logo, logo, se escuta a sirene da ambulância, rápida demais, pilotada pelo motorista Emerssão, primeiro dia de trabalho dele e da equipe; ambulância zero quilometro, primeiro paciente vai ser Asclenio,  Asclenio Adolfo.  
                                    Enfermeira chefe, estagiária de medicina, auxiliar de estagiária, Emerssão, todos na sala da casa; colocam o paciente na posição de ir para a maca, pelo visto nada de fratura, mas, sempre é bom levar para conferir; um curativo na cabeça, a estagiária e a enfermeira já dão uns pontos ali mesmo na sala, sem anestesia; aí, Asclenio gemeu! enrola uma atadura nos braços esfolados, quase um banho de agua oxigenada, tudo fervendo, doendo, coçando, colocam o paciente na maca; Asclenio é forte, para não dizer ...gordinho... gordo mesmo! levantar a maca para entrar na ambulância, os pés e rodinhas esbarram no chão, ainda bem que a sogra estava perto, segurou do lado; Emerssão já assumiu seu posto de piloto, enfermeira chefe ao lado, estagiária e auxiliar ainda não tomaram seus lugares, Emerssão arranca, as duas caem lá atrás; estagiária sentada em cima de Asclenio, ela estava com uma tesoura no bolso de trás do uniforme; amassa o rosto do pobre Asclenio e ainda dá um corte; auxiliar, cai no asfalto, estava fechando a porta na hora do movimento; enfermeira não tinha colocado cinto de segurança, estava no chão da cabine, presa entre a alavanca de marchas, o banco do carona, parte do corpo embaixo do painel; Emerssão freia, para, tenta consertar o estrago, pensando se teria segundo dia de emprego, 
quando Asclenio, Asclenio Adolfo falou pela primeira vez: - me deixa em casa!!!!!!!





Luiz Carlos Fortes Braga

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