REUNIÃO DAS ESPOSAS

                           Os homens tem lá os seus locais de reunião, jogarem uma conversa fora, discutirem o jogo de futebol do último fim de semana, falarem mal dos políticos, colegas de trabalho, etc.; as mulheres, qual direito a um local de reunião para que elas pudessem falar sobre os assuntos de seus interesses? Botequim? não combina! Praças? exposto demais; igreja? nem pensar!! o padre até enfarta antes de expulsar todas de lá. Uma conversa com outra na feira, outra conversa com alguém no supermercado, outras se encontram no açougue e, de repente a solução! o salão de festas do clube do bairro; se os homens podem ficar no bar do clube, no campo de futebol, elas vão se apossar do salão de festas, fecha a porta, só  entra mulher, assuntos exclusivamente femininos.

                            Tertuliana, conhecida como Nice, começa o assunto explicando o motivo da reunião; dali para os benefícios do Botox é um pulo; aplicação na testa para aliviar as dores de cabeça, esticar bem a pele, fazendo desaparecer as rugas, destacar as bochechas, vão aparecendo os assuntos, conversas da academia de Yoga, outras de musculação, algumas reclamações sobre o preço das roupas, as vezes do corte da peça que não caiu bem, as gramas a mais se destacaram, as cores dos esmaltes, aquele tom azul que está na moda, as mais velhas detestam, mas, usam; afinal está na moda! A franjinha da Neuza, o corte todo torcido da Dagmar, o que falar então do tamanho do cabelo da Elizabeth, mãe da Bernadeth, que já estava abaixo da cintura! a Ivete, cortou um tal de ¨joãozinho¨ ficou bonitinha mas, diferente; pelo menos estava livre do trabalho que quase todas tinham de lavar, secar, enrolar, prender, etc. ! era só lavar, dar uma sacudida na cabeça e estava pronta para a festa, fosse onde fosse.

                            Os temas vão mudando, passam a ser os filhos, para outras os netos, as ajudantes de serviço, que não passam a roupa com o mesmo capricho que elas, as faxineiras que nunca faxinam como elas, por esses caminhos boas horas vão se passando. Na conversa de faxinar, cozinhar, etc., Eufrásia que quase tinha ficado viúva por causa de uma troca de lâmpadas, reclamou que o marido não ajudava em nada; outras fizeram coro às palavras de Eufrásia, menos Aristéia, que disse seguir o conselho da mãe, que teve quatro filhos e, nunca casou! ela já tinha dois! entre as gargalhadas de todas, foi a vez de Mauriléia que até então não tinha falado nada, começar a contar de seu marido, que ao se levantar para ir ao trabalho, fazia o café, deixava na garrafa térmica para ela, uma fruta descascada, mamão ou maçã, na hora do almoço descascava cebolas, cortava os tomates para o molho ou salada, descascava laranjas ou mexericas, para a sobremesa e, após o almoço, fazia questão de lavar toda a louça antes de voltar para o trabalho; mas, tudo isso tinha um pedido que ela devia atender e, ela atendia. Todas as sextas feira, fazer aquilo que ele mais gostava! ela até pensava se não tinham se casado por ele ter experimentado quando ainda namoravam, o que ele chamava de maior delícia da vida. Silencio no salão era total, todas queriam saber como Mauriléia conseguia tal proeza com o marido, nada disso acontecia na casa das outras, todos os maridos dormiam no sofá depois do almoço, largavam os jornais pelo chão, da toalha molhada  então! nem queriam falar. Mauriléia, contou que nunca soube o que era se abaixar para pegar um jornal esparramado no chão da sala; nunca recolhera uma toalha molhada jogada na cama, mas, toda sexta feira fazia o que ele pedia e, mais gostava; a vontade dele era tanta, que já chegava direto para um bom banho refrescante, uma roupa mais a vontade e, pedia para ela seu grande desejo de todas as sextas feira: um empadão de galinha caipira para o jantar!!!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

DÉCIO O SOLTEIRO E A GELADEIRA

Bar Cabaré Taverna Esquina Torta